sábado, 25 de outubro de 2014

Neste silêncio frio das paredes ecoam meus gritos



Neste silêncio frio das paredes ecoam meus gritos
Tu não ouviste gritei pelo teu doce nome Pedro
Os milhafres planavam sobre a minha cabeça
O meu sangue correu pelas paredes alimentando vampiros
E eu meu Amor durmo o sono eterno sem repouso
Dizias meu Príncipe que eu era a tua Rainha
E tu sem imaginares fizeste da minha dor
A minha coroa de espinhos cravada nos meus sentires
Volta depressa meu Amor e guarda-me na tua memória
Do espanto dos meus olhos correm lágrimas para um rio o nosso
Eu delicada mulher a quem tu chamavas Amiga
Eu sujeita ao vilipêndio dos abutres que retalharam meu corpo
Eu sem poder olhar-te olhos nos olhos chamava por ti
Eu tão frágil pelo ódio devassada fujo pelos corredores de pedra
Atravessando o frio do medo e na limpidez das lágrimas
Que correm de uma fonte a nossa revejo as minhas noites
Chamando pelo teu Amado nome Pedro meu Amor
Eu gritava a Deus aos Deuses aos Homens
Mas as palavras morriam escorriam pelas paredes
Meu Amor guarda as minhas lágrimas no teu coração
Meu Amado Amantíssimo nem escutas-te os meus gritos
Os meus gritos que ecoavam pelos pinhais
Estavas longe do nosso rio e os punhais frios trespassaram as paredes
Eu a quem tu chamavas a tua Rainha nas pedras me esvaí
E no espanto da dor as minhas mãos chamam por ti
Nem os deuses ouviram os meus gritos lancinantes
Nem Deus ouviu as minhas preces
Nem tu meu Amado
Nem tu meu Príncipe
Nem tu meu Esposo
E eu que sou pedra
Nas pedras morri

Aurora Gaia
lido por Alzira Santos

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