TULIPAS PARA TODOS OS
TOLOS
Chamam-te louca pela
inoportunidade de uma tulipa que todos os dias te trazes nos bolsos. Conheci-te
assim, nesse dia solarengo do pequenino mercado onde os tolos compram flores
para a sua alma. Aos poucos abandonei os velhos hábitos e os relógios que em
mim marchavam por cordas e passei a seguir-te, invisível aos outros nas minhas
roupas coloridas e pouco comuns…
Na azáfama dessa banda
mínima e quente de afectos à qual te diriges todos os dias existe uma
quantidade infinita de olhares quentes que me seduzem. Os teus! Pestanas de um
prado que ondula quando dás por mim! Sim, porque eu sei que me vês e me sentes,
apesar dos teus mil e um disfarces…
Chamam-te louca na
inoportunidade da tulipa prenda que todos os dias te prendes nos dedos, meu
amor…
Para além das portas
desta pequena feira onde se concentram as palavras de todos os tolos existe um
mundo que não nos pertence, no qual não queremos entrar/ Decidi por isso acabar
de uma vez com as minhas indecisões e falar-te aqui, para cá das fronteiras de
um jardim onde cabem todas as flores.
Convencido de uma graça
monumental que não tenho quis ser original e depositei-te no coração acelerado
um amor perfeito.
Estranhaste! No fundo
nasceste e crescente nos campos de loucos que apenas plantam e colhem tulipas.
Que grandioso engano, o meu! Furiosa, viraste-me as costas e correste. E eu corri
atrás de ti com um ramo de tulipas perdão. Um molho sem tamanho fanado no
espaço de uma vendedora vistosa que me foi cúmplice. Sem esforço sorriste-me e
aceitaste-me como sou! E todos os dias me vens ver a esse calabouço de tulipas
ao qual me aprisionou sem dó a tua imperdoável polícia de costumes…
Paulo Soares
lido por Bi Rodrigues
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