sexta-feira, 11 de abril de 2014

TULIPAS PARA TODOS OS TOLOS


TULIPAS PARA TODOS OS TOLOS

Chamam-te louca pela inoportunidade de uma tulipa que todos os dias te trazes nos bolsos. Conheci-te assim, nesse dia solarengo do pequenino mercado onde os tolos compram flores para a sua alma. Aos poucos abandonei os velhos hábitos e os relógios que em mim marchavam por cordas e passei a seguir-te, invisível aos outros nas minhas roupas coloridas e pouco comuns…
Na azáfama dessa banda mínima e quente de afectos à qual te diriges todos os dias existe uma quantidade infinita de olhares quentes que me seduzem. Os teus! Pestanas de um prado que ondula quando dás por mim! Sim, porque eu sei que me vês e me sentes, apesar dos teus mil e um disfarces…
Chamam-te louca na inoportunidade da tulipa prenda que todos os dias te prendes nos dedos, meu amor…
Para além das portas desta pequena feira onde se concentram as palavras de todos os tolos existe um mundo que não nos pertence, no qual não queremos entrar/ Decidi por isso acabar de uma vez com as minhas indecisões e falar-te aqui, para cá das fronteiras de um jardim onde cabem todas as flores.
Convencido de uma graça monumental que não tenho quis ser original e depositei-te no coração acelerado um amor perfeito.
Estranhaste! No fundo nasceste e crescente nos campos de loucos que apenas plantam e colhem tulipas. Que grandioso engano, o meu! Furiosa, viraste-me as costas e correste. E eu corri atrás de ti com um ramo de tulipas perdão. Um molho sem tamanho fanado no espaço de uma vendedora vistosa que me foi cúmplice. Sem esforço sorriste-me e aceitaste-me como sou! E todos os dias me vens ver a esse calabouço de tulipas ao qual me aprisionou sem dó a tua imperdoável polícia de costumes…

Paulo Soares
lido por Bi Rodrigues

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