NO MEU TEMPO
No meu tempo,
quando uma mão acariciava timidamente outra mão,
pelos olhos saiam borboletas e nesse mágico
momento,
ia-se mais além do firmamento.
No meu tempo,
quando num olhar, a chama se acendia para um corpo
percorrer a arrebatar,
do chão cresciam papoilas e alfazemas, talvez para
dissimular o medo e a pena,
de não o poder entregar.
No meu tempo,
Quando de promissores braços saiam apelos quase
comoventes, era tal o embaraço,
num simples abraço, que o céu enternecido, oferecia
estrelas cadentes, num cúmplice
assentimento.
No meu tempo,
Quando se uniam os lábios com paixão, era a loucura
na sua total plenitude!
Vai-se o arco-íris! Na boca nasciam flores de sal, à
mistura com favos de
mel,
tudo numa avassaladora quietude. Parava
simplesmente o tempo.
Neste tempo,
É tudo tão breve, tão leve, tão ligeiro, parece que nem
sequer existe o amanhã!
Muda-se de mãos, de almas, de corpos e de estórias
como se hoje fosse o dia derradeiro.
É o ousado e desmistificado tempo do agora, já!
Alice Queiroz
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