Encontrei-te assim
desfalecido
todo perdido
num mar de pedras
comias lágrimas
gemias dores
corpo de horrores
num mar de trevas
Pregos nos olhos
boca desfeita
na rua estreita
sem fim à vista
nenhuma mão
nenhum amigo
nenhum abrigo
nenhuma pista
Saí de mim
corri p'ra ti
e estremeci
de comoção
toquei teu corpo
beijei-te as mãos
como irmãos
de coração
Ergueste os olhos
viste os meus
fixos nos teus
e deste um salto
Nunca ninguém
te olhara assim
amor sem fim
vida em mar alto
Deixaste o luto
a noite foi dia
foi Poesia
num mar de abraços
Passou o Vento
arrancou-te o medo
quebrou teu degredo
fê-lo em pedaços
Não mais te vi
havias partido
do Vento amigo
p'rá Insurreição
Segui meu caminho
pois sou caminheiro
sou companheiro
da Revolução!
De quem está caído
na berma da estrada
vida esmagada
na contra-mão
faço-me próximo
desperto-lhe a Mente
quebro a corrente
ergo-o do chão
Maldigo o Poder
a Teologia
sem Profecia
a Religião
Bendigo quem luta
dia após dia
com valentia
p'la Libertação
De rezas não sei
só sei acolher
só sei viver
em Liberdade
A quem me odeia
dou meu sorriso
porto-de-abrigo
fraternidade
Padre Mário Oliveira
lido por Lourdes dos
Anjos
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