A ÁRVORE DO SILÊNCIO
Na sombra do silêncio da tua árvore, recolhi palavras.
Frutos maduros de um sentimento que te quero eterno e irreversível.
Na ausência de uma presença física imaginei um beijo, um
toque de lábios de uma ilusão que iremos concretizar. Na locomotiva lenta da
noite passada entrei e saí da nossa carruagem. Incandescente no desejo
alimentei, com força, todas as labaredas!
Em pouco tempo abrirei a caixinha dos nossos minutos, amor…
Um ponteiro brutal e irreversível vai levar-me num relâmpago até ti,
acariciando-te a alma numa vertigem que se multiplicará insistentemente no
tempo.
Na sombra do silêncio da tua árvore, amor, enxertei
palavras!
Frutos maduros de um sentimento que as curvas dos nossos
corpos farão, sem engano, eternizar…
Está a chover no campo de sonhos dos fazedores de silêncios.
De uma terra húmida vão nascer novas árvores e, com elas, novas e pequenas
letras decorando lencinhos de namorados em anagramas coloridos e irrepetíveis!
Paninhos de linho que guardaremos como segredos: os meus e os teus, escondidos
a sete chaves no castelo forte dos nos nossos carinhos…
Da sombra do silêncio da tua árvore, amor, caem em catadupla
frutos de vida! Abraçamo-nos com força e soletramos… palavrinhas de amor de um
beijo-conversa.
Paulo Soares
lido por Aires Barros
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