FALA
Fala o poeta de um tempo que é o seu
feito de malandros vigaristas
de desordeiros e caciques
de cegos das duas vistas
Fala o poeta deste tempo sujo
que a poesia não consegue disfarçar
desta época medonha a que não fujo
— onde é que eu vim parar —
Fala o poeta amargurado e triste
com tanta asneira e imbecilidade
quer trocar de tempo, mudar de cidade
mas é esta a cidade que persiste...
Fernando Morais
in “Quadrar”
lido por Alzira Santos
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