quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

FALA


FALA


Fala o poeta de um tempo que é o seu
feito de malandros vigaristas
de desordeiros e caciques
de cegos das duas vistas

Fala o poeta deste tempo sujo
que a poesia não consegue disfarçar
desta época medonha a que não fujo
— onde é que eu vim parar —

Fala o poeta amargurado e triste
com tanta asneira e imbecilidade
quer trocar de tempo, mudar de cidade
mas é esta a cidade que persiste...

Fernando Morais
in “Quadrar”
lido por Alzira Santos

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