segunda-feira, 25 de junho de 2018

POR TI...


POR TI...

Foi por ti que imensamente corei sob as folhas
dos vastos embondeiros milenares, que me deslumbrei
sob as agulhas álgidas dos ciprestes, que colhi
a travos largos o rastro dos passos cortantes e trémulos
do luar, que trouxe nas mãos mariposas esbatidas
na densa luz a desmaiar, que engoli o travo do pó
até quando solene o vento se espumando raivoso
teimava no seu buscar e ouvi na voz dos dinossauros
o som rouco do seu pluvioso chorar...

Foi para ti que colhi as rosas a florir antes do seu estar,
que colhi a voz dos malmequeres para na solenidade
da tarde em enlevo seu odor te poder dar e foi para ti,
só para ti, que colei sobre a relva húmida e fresca
no cicio da terra o meu corpo em seu doce pulsar...

Foi para ti que encarcerei as marés em vividez
Que corri a direito sem ouvir a voz de Orfeu
em seu doce cantar e também foi por ti que
sem esmorecer no silêncio da noite sem véu
fui Prometeu sem nisso ver nenhum pesar...

Foi por ti que tudo colhi e não para ti
O todo que assim imensamente colhi.

Acilda Almeida

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