SABER
Sei de
ruas de tormento
Onde se
espelham as luas
Em rios
de esquecimento,
E passeiam
mulheres nuas
Batidas
por gélido vento…
Sei de
portais aconchegados
Por cartões
de desalento,
Que vão
servindo de colchões
Aos pobres
desaninhados…
Sei de
chuva que encharca
Os ossos
de tanto desabrigado,
Deambulando
por todo o lado.
Sei de
caixotes do lixo
Tantas vezes
vasculhados
E de
gritos amordaçados
Nas bocas
de homens-bicho!
Sei de
portas fechadas
Sei de
almas agrilhoadas,
De pregos
cravados na carne
De tanto
lume que não arde!
Sei de
crianças sem pão,
De olhos
sem ilusão,
De muita falta
de amor
E de
excessos de dor!
Sei, sei,
sei…
Sei tanta
coisa que não cabe nas
palavras
Mas que
cabe neste mundo
Tao belo
e tão desgraçado!
E não
chega saber!
É urgente
alguma coisa fazer!
Maria Irene
Costa
in “Colectânea A Arte pela Escrita”
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