quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

SABER



SABER

Sei de ruas de tormento
Onde se espelham as luas
Em rios de esquecimento,
E passeiam mulheres nuas
Batidas por gélido vento…

Sei de portais aconchegados
Por cartões de desalento,
Que vão servindo de colchões
Aos pobres desaninhados…

Sei de chuva que encharca
Os ossos de tanto desabrigado,
Deambulando por todo o lado.

Sei de caixotes do lixo
Tantas vezes vasculhados
E de gritos amordaçados
Nas bocas de homens-bicho!

Sei de portas fechadas
Sei de almas agrilhoadas,
De pregos cravados na carne
De tanto lume que não arde!

Sei de crianças sem pão,
De olhos sem ilusão,
De muita falta de amor
E de excessos de dor!

Sei, sei, sei…
Sei tanta coisa que não cabe nas
palavras
Mas que cabe neste mundo
Tao belo e tão desgraçado!
E não chega saber!
É urgente alguma coisa fazer!

Maria Irene Costa
in “Colectânea A Arte pela Escrita”

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