VIESTE COMO ONDA ALAGANDO
AS DUNAS
Vieste como onda alagando
as dunas
Num horizonte matizado de
verdor
Chegaste tão depressa que
eu nem tive tempo
De aceitar o
maravilhamento que me aturdia
Que eu nem tive tempo de
preparar a minha face ruborizada
Para receber a plenitude
mágica que me enleava...
Por isso apenas pude
inventariar palavras
Com que enganava as
palavras que tinha para te dizer
E inerte e cega não vi
que te deixava partir...
E hoje que tudo se foi
conto os miríades sonhos
Que teci quando julguei
que poderias junto de mim ficar
E traço circunferências
no vazio do meu estar...
A culpa foi minha que
assim me deixei cegar
Foi minha por assim tecer
meu amplo acanhar
Por assim inteiramente me
deixar ficar...
E agora tenho os olhos
presos de não olharem mais o mar
E de ficarem morosamente
ancorados no cais
Exaustos de não poderem
mais ousar...
Eu sei que as ondas mesmo
quebradas ainda rolam
Rente à costa
espraiando-se em seu esbracejar
Mas também sei que o que
sou está cercado
De rochas que
abruptamente se inclinam
Sobre as ondas em seu
denso baloiçar
Acilda Almeida
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