VARIAÇÃO CELESTE
Colhi a flor de um relâmpago
de entre os teus seios
juntos, e quando
estremeceste foi como se
uma estrela
tivesse vacilado nos
ombros
da manhã.
Pus essa flor no negro
lago dos teus olhos, e as
suas
raízes estenderam-se pelo
fundo
da tua memória até esse
dia em que
a lava do início te
inundou.
E percorri com o tempo
de uma vela de moinho o
arco
das tuas sobrancelhas,
procurando
na sua margem o pórtico
dos teus lábios.
Nuno Júdice
A Convergência dos
Ventos
N. 29 de 1949, Portimão
in “Livro de Marcadores – Amar, Amar Perdidamente”
Lido por Céu Guedes
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