sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Julguei-te eterna

Julguei-te eterna,
Mas...
Caem bombas em Alepo,
Esbarram camiões em corpos inocentes,
Gelam os ossos em campo aberto nessas ilhas gregas
Mãe dos sonhos e dos afectos.
Mas...
É só isso. Sonhos que se vestem de pesadelos.
Europa! És uma puta envelhecida de lábios tingidos de sangue,
De olhos enegrecidos com petróleo, veneno dos oceanos.
E tu América! Obesa, pistoleira, voltas a erguer muros
E vociferas vómitos amarelos da tua bílis intolerante.
E tu Rússia! Boneca matriosca, ardilosa. E tu Turquia! E tu China! E tu África!
E tu Humanidade!
Pensei-te doce, terna, fértil,
Mas tens no teu regaço o deserto.

Lucinda Loureiro

Lido por Alzira Santos

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