terça-feira, 3 de janeiro de 2017

BIGBANG


BIGBANG

Pode a primavera vestir-se de frio glaciar,
a montanha cobrir-se de gelo,
as árvores despirem-se de folhas,
e o sol pintar-se de negro como carvão.
Pode até acontecer
que os rios suguem os mares
e desagúem no evereste
e tudo ficar tão calmo e tão estranho
como se o mundo expiasse a minha culpa,
e me sinta perdido no caos.
Podem até dizer-me que as flores
não são mais de que utopia nos meus olhos
que os meus sonhos
são aguas paradas que não movem causas,
que não me desviarei do meu caminho.
O meu rumo
continua como se a primavera me sorrisse,
a montanha abrisse entranhas para me abraçar
e as árvores dessem fruto para me consolar.
Nada mudará o meu caminho.
Nada mudará a utopia do meu querer.
Nada me convence a não subir a montanha.
Continuarei caminhando até que rebente o caos,
e dele renasça um mundo virado do avesso.

Só então voltarei para ver a primavera florir,
as árvores amadurecerem os frutos,
os rios regressarem ao mar
e o sonho de novo voltar a sorrir.
Nessa altura
descerei à planície
e aguardarei que a utopia
dê lugar a uma nova explosão
e dela renasça uma nova estrela
que um novo mundo irá iluminar!


Angelino Silva

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