FALA-ME
DE ABRIL
Fala-me
de Abril
Conta-me
como foi em mil
Essa
longa Noite desesperada
Por
sombras negras dominada
Que
espalhou o luto sem tréguas
Numa
"Nação Valente e Imortal"
Conta-me
quantas "lágrimas salgadas"
Banharam
os rostos de Portugal
Pelos
heróis torturados no Tarrafal
E
por aqueles que foram lutar
Para
além deste Mar, sempre Mar
Cansado
de tanto esperar
Por
um dia novo que haveria de chegar…
Mas
conta-me como foi esse despertar
Que
libertou gente aprisionada
E
desceu à rua tão povoada
Há
tanto ávida de gritar...
Conta-me
o que jamais foi ouvido
"que
uma arma foi calada por um cravo"
Pois
ninguém teria acreditado
Se
em Portugal não tivesse acontecido.
Lembra-me
como foi esse dia
Que
sem sabermos era desejado
A
mim que nada entendia
Quando
se ouviu na telefonia
Dizer
que um golpe d'estado
nos
ia restituir a voz
Que
alguém nos tinha tirado
E
eu que ignorava tudo
E
que o povo há tanto era mudo
Que
entendia eu de Mudança
Se
eu era apenas uma criança...
Fala-me
de Abril
Conta-me
como foi em mil
Esse
"alvorecer"
Prometo
ouvir-te com prazer
Para
jamais esquecer
Que
depois da escuridão
O
Sol acaba por nascer.
Fátima Veloso
in “Para
além do azul “
lido por Maria Manuel Rito
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