FÁBRICA
DUCO
Grande
relógio na parede
sujo,
conspurcado,
hoje
estou atrasado neste serviço
que
a Fábrica reclama
fábrica
medonha, sáurio gigantesco
que
a todos engole.
Nesta
oficina, imensa, de Vulcano
o
relógio põe-me os cabelos em pé
o
pó das tintas espalha-se sobre nós
entra
no pescoço, nas cuecas,
até
debaixo dos braços
operários
que somos deste forno
de
grandes cubas cheias de produto.
A
máscara que trazemos no rosto
faz
de nós espécie de mutantes
de
um filme de terror
somos
monstros de pernas articuladas
que
as botas são de aço e borracha...
as
cubas têm 4 metros de altura e lá dentro
vive
uma hélice cromada que cria mil infernos
ao
girar
ela
está ligada a um motor de 600 cavalos.
8.000
litros de tinta em cada cuba
são
produzidos por dia e por operário
para
que esta unidade industrial
dê
milhões de lucro a uns senhores
desconhecidos,
transparentes, invisíveis
Fernando Morais
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