Não sei se te acontece,
Em que nada,
Mas mais nada apetece
Senão sair desta
Condição estupidamente descontente,
Deste existir assim, a ser gente,
E ganhar
Cauda e pêlo e garras,
Sair por aí, ganhar asas
E ser o instinto do instinto de ser,
E nada, mas mais nada me parecer
Mais do que a simples coisa que é.
Há destes dias,
Não sei se os sentes,
Sinto-os eu,
Com um ranger de dentes,
Na carne
Das minhas Metafísicas doentes,
A infertilidade da impotente mensagem
Daqueles que pensam, que nunca agem.
XI.2000
Miguel de Azevedo
in “A Cavalo destes versos menores...”
lido por M. Manuel Rito
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