FRAGMENTOS DE UMA ATRIZ
Imagem fragmentada,
Câmara, luz! Ação!
A plateia, fascinada,
Faz da imagem a ilusão.
Em qual céu mora a atriz,
Na ilusão do figurino?
Mito, robô, feliz,
Será um ser feminino?
Rosto robotizado,
Na trama da luz que aquece,
Busca o pano entrelaçado,
No fio que envolve e tece.
Puxa, estica, retorce,
Esconde, mostra, defende.
A alma fria contorce,
Ao som da luz ela acende.
Corta, recorta, divide,
No vai e vem: luz! Ação!
Na imagem, então, incide,
Sempre nova emoção.
Imagem fragmentada,
Robótica, surreal,
Oferece, congelada,
O seu corpo virtual.
O espetador faz a imagem,
De forma tão natural,
Do corpo que, na filmagem,
É o da mulher ideal.
Constância Néry
in "Colectânea Galeria Vieira Portuense 2015"
lido por Adolfo Castelbranco
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