quarta-feira, 29 de julho de 2015

ANGOLA


ANGOLA

Estradas esburacadas pelas chuvas,
Picadas de terra vermelha,
Cor de sangue...
Pó, denso como nuvem,
Penetra nos poros.

Caminhos ladeados por gigantescas árvores,
De frondosas copas,
Abrigam-nos do calor tórrido,
Desta África, quente, tropical, bela.

Rios atravessados em jangadas,
Pontes de dois troncos de madeira,
Precariamente colocados,
Num equilíbrio desafiador da física.

Animais que corriam livres
Pelas savanas...
Todo um mistério de cor,
Fauna, flora. Tudo encantava!

Povo de pele negra
Com um permanente sorriso,
Embora difíceis as suas vidas.
Belas mulheres, de seios ao vento.

Terra que um dia me acolheu
Nos seus longos braços,
De fraternidade e paz.

Agora, só me restam as saudades
Da beleza das acácias em flor,
Dos exóticos embondeiros,
Como figuras dantescas.

Esta terra que me conheceu,
Nos percursos da minha vida...

Saudades do Kwanza,
Das cubatas, de colmo e barro.
Recordações perdidas no tempo,
Mas envoltas numa auréola de amor,
Que jamais se perderá.

Luanda, cidade amada,
Que guardas em ti, os meus segredos.
Lobito, Benguela, Huíla, Namibe,
Ah... bela Huambo, de flores coloridas
E tantas mais, que eu um dia
Tive a felicidade de conhecer.

O sol... ah! o sol, único,
De uma beleza ímpar,
Numa simbiose de tons
Vermelhos, amarelos, laranja
Que aqueceu a nossa alma,
Com a sua luz de poesia.

Ilha de Luanda, querida ilha,
Cujas praias de águas cálidas
Nos banharam, por tantos e tantos anos...

Esta é e será sempre a minha Angola.
A dos meus pensamentos,
Das minhas memórias,
Da minha saudade...
Nostalgia e... melancolia.

José Carlos Moutinho
in “Cais da Alma”
Lido por Maria Helena

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