SABER
Sei
de ruas de tormento
Onde
se espelham as luas
Em
rios de esquecimento,
E
passeiam mulheres nuas
Batidas
por gélido vento...
Sei
de portais aconchegados
Por
cartões de desalento,
Que
vão servindo de colchões
Aos
pobres desaninhados...
Sei
de chuva que encharca
Os
ossos de tanto desabrigado,
Deambulando
por todo o lado.
Sei
de caixotes do lixo
Tantas
vezes vasculhados
E
de gritos amordaçados
Nas
bocas de homens-bicho!
Sei
de portas fechadas
Sei
de almas agrilhoadas,
De pregos
cravados na carne
De
tanto lume que não arde!
Sei
de crianças sem pão,
De
olhos sem ilusão,
De
muita falta de amor
E
de excesso de dor!
Sei,
sei, sei...
Sei
tanta coisa que não cabe nas palavras
Mas
que cabe neste mundo
Tão
belo e tão desgraçado!
E
não chega saber!
É
urgente alguma coisa fazer!
Irene Costa
in “A Arte pela Escrita Sete –
Colectânea de Prosa e Poesia”
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