HINO
À VIDA
Há
dias que nem nos lembramos de ter plantado, numa hora feliz,
o
sol no nosso jardim e que ele por lá continua entre as flores.
Há
dias em que a nossa casa é apenas uma caixa enorme,
sem
vida, sem janelas, portas, telhados, beirais, nem pardais.
Há
dias em que o firmamento se aninha para nos entregar de
mão
beijada, um punhado de estrelas, num abraço suave de
nuvens
brancas, mas nós nem queremos vê-las.
Há
dias em que a alma é breu, os pensamentos ásperos, nos olhos
há
cegueira porque um véu espesso, teima em esconder a luz.
É
tudo tão amargo e contundente, as palavras são tão afiadas,
como
gumes de lâminas e ferem a boca da gente,
E
nesses dias que eu desesperadamente grito:
-
Oh, vida ingrata, ESTOU FARTA!
É
noite, meia noite! Abri a porta, o céu desceu até mim e num
carinhoso
alvoroço, colocou um colar de estrelas ao meu pescoço.
Ouvi
um ligeiro burburinho de alegria, era o sol que debaixo das
flores,
queria sair, mas não podia.
Bem
perto as rãs coaxam misteriosamente num enorme festim.
Só
agora entendi que é uma nova melodia feita de improviso
para
mim.
Respirei
o silêncio da noite. Estendi os braços e em pensamento,
abracei
flores, estrelas, rãs, pássaros, o sol e até o silêncio estridente
e
dei o direito às lágrimas, de correrem livremente.
Ainda
que raros, há momentos em que o milagre da transformação
acontece!
A a alma fica branca, os pensamentos levitam, as palavras
ficam
adocicadas, brilha o sol e tudo nos envolve e afaga!
Até
a casa que antes era apenas uma caixa, perdeu o seu tenebroso
mistério
e
voltou a ser uma casa a sério. Tudo isto, porque...
...
Porque é maio, o meu maio refulgente, vestido de mil cores de lés a lés
e
perfumado da cabeça aos pés!!
Choro
baixinho...
Profundamente
emocionada, pedi às giestas em flor que rompam
o
silencio desta noite de prata e gritem no expoente máximo do seu aroma
e
cor, as palavras que a comoção não me permite dizer:
.
Família, Amigos, Fé, Paz,Natureza, Amor, Vida.
Hoje
eu nasci!!!
E
estou profundamente, GRATA!!!
Alice Queiroz
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