NOSTALGIA
à Francisca
Quem dera que fosses grãozinhos de areia,
que o sol te dourasse
e o mar embalasse, a fazer-te dormir;
Talvez conseguisse ter-te entre meus dedos,
dizer-te segredos
e, por um instante, te pudesse sentir.
Quem dera que fosses bonequinha de trapo
como uma das que fiz para ti, outrora;
Eu alisaria teus cabelos de lã,
talvez os tingisse de cor de avelã,
pintar-te-ia a boca da cor da romã
e pegar-te-ia ao colo, a toda a hora
Quem dera que fosses as notas musicais,
os acordes das minha partituras;
Seria bom demais
tocar ao piano melodias tuas,
trautear baixinho essas cantigas
chamarmos a música, felizes, amigas
Quem dera que eu fosse leve como o vento,
que, em teu redor, pudesse pairar...
É que, desse modo, a cada momento
teu rosto eu iria acariciar...
Quem dera que fosses a água da fonte
cristalina e pura, no cimo do monte,
como a que contigo, um dia, descobri;
Eu encontrar-te-ia, Oh! Certamente
sentar-me-ia a teu lado, ao sol poente,
mataria a sede que tenho de ti...
Quem dera!...
Maria Augusta da Silva
Neves
in “Turbilhão de Emoções”
Lido por Maria de
Lordes Ferreira
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