quinta-feira, 26 de junho de 2014

PORTUGAL, MORREU!



PORTUGAL, MORREU!

Mais não direi, em verso.
Vou partir.
Outra linguagem tenho que aprender!
Poluiu-se o Universo.
Quem venceu foi o inferno.

Camões, que pensei eterno,
Acaba de morrer
Com tudo que restava de Alcacer-Quibir…

Adeus Porto, adeus Lisboa!
Adeus praia lusitana…
Partindo, vou à toa,
Perdidos os confins da Taprobana!

Não quero a luz estranha
Dos estranhos amigos
Que à sombra da mesma cruz
Enfrentaram inimigos
Da doutrina de Jesus
E que agora tanto ofendem
Com as promessas que vendem!

Adeus rouxinóis e outros passarinhos…
Adeus fontes e montes maninhos!

Não vou partir…
Não vou morrer…
- O dia que há-de vir
Pior não pode ser!...

Adeus Lua…
Adeus flores…
- Agora até na rua
Se vendem os amores…

Não soube riscar no papel
Toda a Verdade
Da Liberdade…
Tão falsa e cruel…

Acabou-se o meu tormento!
Não vou mais torturar o pensamento
Com rimas e medidas…
- Minhas horas são cumpridas!

E que me resta, afinal,
Neste velho Portugal?...

- Resta-me o resto
Da Língua de Camões
E, de certa maneira,
Mesmo com muitos rasgões,
Sua ditosa Bandeira!

Manoel do Marco

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